Ácido hialurônico (HA) é um polímero natural, produzido por células do organismo, que pertence ao grupo das glicosaminoglicanas, que são o principal componente da matriz extracelular. A maioria das células do corpo têm capacidade de sua produção, porém as células mesenquimais são as principais produtoras. É um polímero muito longo na sua forma natural, de natureza polar. Essa forma de apresentação se denomina acido hialurônico de alto peso molecular, com propriedades anti-inflamatórias. Contudo, em certas ocasiões, tal molécula pode ser quebrada em vários fragmentos, o que denominamos ácido hialurônico de baixo peso molecular, com propriedades pró-inflamatórias.
Síntese do ácido hialurônico pela célula
Marinho, Andreia, Cláudia Nunes, and Salette Reis. "Hyaluronic acid: a key ingredient in the therapy of inflammation." Biomolecules 11.10 (2021): 1518.
Devido sua estrutura molecular, o HA atrai moléculas de água, a tal ponto que pode chegar a 10.000 vezes de seu peso molecular. Devido às suas ligações de hidrogênio, tais moléculas se agregam em água, formando cadeias poliméricas, com formação se matrizes elásticas. Devido isso o HA é geralmente observado em forma de gel.
Marinho, Andreia, Cláudia Nunes, and Salette Reis. "Hyaluronic acid: a key ingred
O HA tem vários efeitos biológicos, pois está envolvido em várias interações celulares (diferenciação, proliferação, reconhecimento e adesão), interações extracelulares com as fibras colágenas, e em muitas funções biológicas (lubrificação, interações espaciais, estrutura da matriz extracelular, e hidratação). Está claro que a produção do HA é ativada após lesão dos tecidos vivos, e regula o reparo tecidual e a ativação de células inflamatórias.
Perante tais efeitos biológicos, o uso do HA tem se ampliado no tratamento de doenças degenerativas e inflamatórias, além do tratamento de lesões tissulares (feridas, pele, músculos, tendões), e até mesmo como tratamento que previne o envelhecimento.
Atualmente, há mais de 1600 artigos científicos a respeito dos efeitos clínicos do HA no tratamento de doenças degenerativas articulares, como a osteoartrose, a artrite reumatóide, e a condropatia femoropatelar. Em relação a esta última, podemos citar até uma pesquisa brasileira, no qual 70 pacientes com condropatia patelar foram divididos em dois grupos - o que recebeu HA, e outro grupo que não recebeu. O grupo que recebeu o tratamento tiveram menor dor e melhor funcionalidade, por um período de seis meses (Astur, Diego Costa, et al. "Use of Exogenous Hyaluronic Acid for the Treatment of Patellar Chondropathy–A Six-Month Randomized Controlled Trial." Revista Brasileira de Ortopedia 54 (2019): 549-555.). Vários outros estudos demonstram a eficácia clínica no uso do HA para tratamento da osteoartrose, principalmente dos joelhos. Em um o futuro próximo, substâncias analgésicas e anti-inflamatórias serão agregadas à matriz hialurônica, por meio de nanotecnologia.
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